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Foi num dia tão bonito...
Dentro do embalo e do agito,
Comecei a dançar rumba;
Foi um Exu que baixou...
Mas quando ele me deixou
Fui ao centro de macumba.
Lá no centro, um sacrifício:
Um porco, em pleno suplício,
Pelos pés dependurado,
Sofria com muitas dores
Pois teve, em meio aos tremores,
O seu pescoço cortado.
O porco sangrava tanto...
Um velhinho pai-de-santo
Olhado por toda a gangue
Se pôs embaixo do bicho,
Foi molhado pelo esguicho,
Tomou um banho de sangue.
A gangue de médiuns via
O velhinho que bebia
O sangue que se esguichava
E quanto mais esse velho
Se banhava de vermelho
Bem mais o porco sangrava.
Então todos se juntaram
E no sangue se banharam
E eu também entrei na dança;
Do porco o gordo pescoço
Vertia o líquido grosso
E eu enchia a minha pança.
Eu bebia com prazer
Aquele sangue a escorrer
Do porco, naquele corte;
O sangue que nós bebíamos
Com respeito oferecíamos
Ao senhor Exu da Morte.
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