Tu que estás entregue à dor
De uma forma muito espessa:
Eu vejo um grande tumor
Brotando em tua cabeça.
O tumor que te consome
-- Sofrimento tão indigno! –
Sempre cresce, nunca some,
Pois é um tumor maligno.
Esse câncer tão mortal
É motivo de desgosto,
E ele é tão descomunal
Que esconde até o teu rosto.
Tu solta um breve muxoxo
Diante do grande impasse,
Afagando o tumor roxo
Que brota na tua face.
Eu vejo o teu sofrimento,
Tuas horas dolorosas,
E o contínuo crescimento
Das células cancerosas.
Mas não pense que é ofensa
O que agora vou dizer:
Eu vejo a tua doença
Com muito, muito prazer.
Pois além de achar bonito
O teu monte canceroso,
Eu piamente acredito
Que o teu tumor é gostoso.
Pode até ser curiosa
Essa minha fome louca,
Mas a carne cancerosa
Me dá muita água na boca.
Essa fome me estrangula
De um jeito espetacular,
Por isso, com muita gula,
Teu tumor vou devorar.
Minha gula não é fraca
E ela nunca vai sumir;
Por isso, com minha faca,
Seu tumor eu vou partir.
Vou comer teu câncer duro
Com muita satisfação;
Esse teu tumor escuro
É gostosa refeição.
Por teu tumor deformado,
Uma grande fome eu sinto;
O teu câncer necrosado
Me deixa muito faminto.
O teu câncer dolorido
Que findará tua vida,
Vou comê-lo decidido,
Meu amor, minha querida!
No comments:
Post a Comment