A Poesia da Podridão é um blog dedicado à poesia que canta a decadência, a decomposição orgânica, o suicídio da alma e o pessimismo.
Thursday, May 18, 2006
COMENDO CREME BRANCO DE BARATA
Vi um bicho nojento e tão cascudo
Andando na parede, devagar;
Com muito nojo, eu quase fiquei mudo
E quase que eu cheguei a vomitar.
Esse bicho que eu vi, muito inseguro,
-- Uma enorme barata pestilenta,
Tinha as cascas num tom bastante escuro,
Era enorme e também muito nojenta.
Eu procurava sensações amenas,
Mas minhas repulsões eram agudas;
Fiquei tão enojado co’as antenas
E com aquelas patas tão peludas.
O nojo que eu sentia era um fato,
Mas eu tomei coragem nesse horror:
Peguei meu pesadíssimo sapato
E esmaguei a barata com vigor.
E depois desse fato tão nojento
Em que esmaguei o bicho na hora exata,
Um branquíssimo líquido gosmento
Explodiu para fora da barata.
O meu nojo tão grande triplicou
Com esse tão horrível solavanco;
Meu estômago fraco revirou
Quando eu vi esse líquido tão branco.
Mas eu também fiquei tão curioso...
Tomei uma atitude muito louca:
Peguei o creme branco tão pastoso
E coloquei tudinho em minha boca!
Mas, oh, surpresa linda e genial!
Mesmo a barata sendo pavorosa,
A mim seu creme branco não fez mal,
Achei essa iguaria saborosa!
Eu confesso que gosto de comer
O creme branco com satisfação;
O creme da barata, com prazer,
Coloco de recheio até no pão!
Toda vez que me ataca aquela fome
Eu como o creme branco tão tremendo!
O estômago faminto só consome
O creme da barata! Recomendo!
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