A Poesia da Podridão é um blog dedicado à poesia que canta a decadência, a decomposição orgânica, o suicídio da alma e o pessimismo.
Tuesday, May 23, 2006
DOIS CADÁVERES SOB O SOL ARDENTE
Minha querida, é muito bom revê-la
Depois de muito tempo ter passado;
É um quase surrealismo surpreende-la
Deitada neste campo desolado;
`Inda sinto brilhar a tua estrela,
Embora em tudo tenhas transformado.
Pois a aparência que tu tens agora
Em nada se parece co’a de outrora.
Teus olhos tão tranqüilos e serenos
Mostravam a tua alma em si contida
E agora estão cerrados, sem ao menos
Mostrar um único sinal de vida;
A tua pele e o teu corpo, outrora plenos,
Se encontram de uma forma ressequida.
É muito triste a minha hostil visão:
Em ti vejo brotar a podridão.
Antigamente andavas perfumada
E agora estás tão podre, estás fedendo...
Tua boca está muda, tão calada...
Vejo um verme teus lábios carcomendo;
Teu cadáver na terra desolada
Tão estático vai apodrecendo.
A vida para ti fechou a porta
Agora que estás podre, que estás morta.
Mas, querida, eu não quero, eu não aceito
Ver teu corpo deitado nesta terra;
Pego uma faca e encravo no meu peito
Para que o sangue que o meu corpo encerra
Devolva a ti a vida neste leito
E tire-a deste estado que me aterra.
Mas não adiantou... Tu não viveu...
E o meu cadáver tomba sobre o teu!
Querida, estamos mortos, finalmente...
Ninguém suportará nossos fedores!
Nossos restos mortais, mui lentamente,
Fecundarão a terra sem mais dores
E nós adubaremos, francamente,
As mais vistosas e serenas flores.
Ressurgirá a vida no arrebol
De dois defuntos podres sob o sol.
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1 comment:
rs que medo uhahuaha
assistiu?
http://cinemacultura.blogspot.com/search?q=necrofilia
eu tava procurando uma frase
do filmee e achei seu blog
parabés
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